Fotos do Sábado 13/Dez
Confira as fotos do Sábado 13/Dez!
Os filmes que passaram na Sala BNDES foram
18h00 NOSSO PARAÍSO
e
20h30 COELHO
Confira as fotos do Sábado 13/Dez!
Os filmes que passaram na Sala BNDES foram
18h00 NOSSO PARAÍSO
e
20h30 COELHO
Confira as fotos da Quinta-Feira 11/Dez!
Os filmes exibidos na sala BNDES foram:
18h00 AS TRÊS BELDADES DE JOSEON
e
20h30 ESCONDE-ESCONDE
“Não Morra. Ou morra como uma lenda.”
Ryu-han é um agente secreto norte-coreano infiltrado em uma favela na Coréia do Sul. Já há dois anos fingindo ser deficiente mental, aguarda a sua grande missão, cujo objetivo deve ser a reunificação das duas Coréias. Essa missão tarda para chegar, e, no meio tempo, Min-su (nome verdadeiro Hae-rang) e Hae-jin, conhecidos de treinamento de Ryu-han no Norte, também são enviados a esse mesmo vilarejo.
Enquanto isso acontece, Ryu-han, cujo nome falso é Dong-gu (que lembra a tradução literal de “Buraco do Cocô”, uma palavra bonitinha e infantilizada para outra mais forte e curta…), se afeiçoa cada vez mais aos habitantes do vilarejo. Ao mesmo tempo, tendo tido a educação que teve no Norte, se mostra ansioso para receber e cumprir um serviço à sua nação e, dessa forma, garantir a proteção à sua mãe.
A premissa é interessante e quase boba, e é por isso mesmo que vale a pena conferir Secreto e Excelente. Exibido no Festival de Cannes na Semana de Crítica, o filme foi um sucesso nacional histórico e uma grande incógnita para a crítica ocidental.
Primeiro, vamos aos números, pois essa parte é mais fácil: Secreto e Excelente entrou no circuito comercial em uma quarta-feira, 5 de Junho de 2013. Até então, o recorde de bilheteria doméstica no dia de estreia era de “Os Ladrões” (The Thieves), que havia atraído 436.596 espectadores no ano anterior. Adivinha quantas pessoas foram ao cinema assistir a Secreto e Excelente no primeiro dia? 497.560! É um número surpreendente, mas ainda ficou atrás de Transformers 3, que em 2011 levou 544.995 sul-coreanos ao cinema na estreia. Mas no dia seguinte, 6 de Junho, “Memorial Day” na Coréia – feriado em memória aos homens e mulheres militares mortos na Guerra Civil (1950-53) – nada menos que 919.035 sul-coreanos foram assistir ao filme (novamente ultrapassando “Os Ladrões”, que no segundo dia fez 770.715 espectadores e um pouco atrás de Transformers 3, com 956.500 espectadores). Isso quer dizer que em apenas dois dias Secreto e Excelente excedeu 1 milhão de espectadores. Na verdade, esse número foi alcançado em 36 horas! Como se não bastasse, ainda nas primeiras 72 horas o filme foi assistido por 2 milhões de pessoas. Em 16 de Junho, 11 dias após a estreia, mais de 5 milhões de sul-coreanos haviam assistido a Secreto e Excelente nos cinemas.
Agora vem a parte complicada.
Por que?
Se existe algo que pode ser chamado de “coreanismo”, Secreto e Excelente tem. E quem não tem ou está acostumado demais com filmes ocidentais, vai ter alguma dificuldade para entender esse fenômeno.
Há elementos no filme que justificam tamanho sucesso de uma maneira mais fácil:
2. Os três atores principais são grandes estrelas nacionais e estão excelentes mesmo em seus papéis, que circulam entre o cômico e dramático, algo muito difícil de ser realizado com eficiência.
3. As cenas de ação são demais.
4. Soo-hyun Kim, o protagonista Dong-gu (ou Ryu-Han), certamente tem atrativos… Vale a pena conferir.
Mas o que causa certa revolta para alguns críticos estrangeiros é esse “coreanismo” mainstream que insiste em não deixar claro a qual gênero o filme pertence, se é comédia ou drama. O que eles chamam de excessivo romantismo, lealdade e honra, que beira o inflexível (é bom lembrar a situação atual da Coréia do Norte. Se um líder assim consegue se manter no poder ainda hoje, é porque, de alguma maneira, o povo coreano tem características culturais que de alguma forma permitem que essa situação se mantenha), que realmente são difíceis de compreender se você está inserido numa cultura que não cultiva esses valores da maneira que os asiáticos – e coreanos talvez um pouco mais – o fazem, é difícil mesmo de entender o fenômeno Secreto e Excelente (alguns críticos até confundiram a lealdade e mania e proteger o amigo dos personagens principais com homossexualismo reprimido, que, na minha opinião, é um baita de um etnocentrismo inconsciente). Mas, talvez, exatamente por isso que o filme tenha sido um fenômeno comercial no mercado interno. Aqui, vale checar o texto de Alumni, que explica resumidamente as relações afetivas entre mais velhos e mais novos.
Secreto e Excelente trata uma temática sob o ponto de vista interno de um problema nacional que preocupa gerações de coreanos há 61 anos: a separação de um povo extremamente homogêneo decorrente de um infortúnio externo resultado de uma briga que inicialmente nem era nacional. É triste que esses três personagens, jovens, tão coreanos quanto os coreanos do sul, de vida sofrida, tenham o destino que a história do filme lhes reserva. A história entreteu e emocionou os 6.959.083 sul-coreanos, na grande maioria jovens, que renderam 43.186.902 dólares ao filme, e que provavelmente entenderam muito bem e aceitaram os conflitos dos três personagens fictícios do Norte, da mesma faixa etária da maioria dos espectadores. O filme não explora questões políticas, mas na verdade, o espectador sul-coreano já tem toda essa reflexão em si mesmo, e no caso de Secreto e Excelente e Alumni, não deseja resolver algo atualmente insolúvel, apenas imaginar como será que estão seus vizinhos e parentes distantes de sua idade. A cultura é a mesma, mas ela leva a lugares e a comportamentos opostos. Esses dois filmes, altamente comerciais, são extensões comercializadas do pensamento da população no geral.
É preciso entender esse sentimento para compreender a causa do fenômeno: um conjunto de elementos que deram certo na bilheteria nacional. Sim, alguns deles claramente puxam para o cômico-comercial, mas outros, como a escolha de uma locação fantasiosa que provavelmente não existe mais na Coréia do Sul e que se assemelha muito à Coréia antiga e à imagem que fazemos atualmente da Coréia do Norte, e muita ação fortemente calcada no tae-kwon-do dão um aspecto bem doméstico ao pseudogênero ação-comédia-sul-coreana.
Para quem gosta de filmes de ação mas está cansado dos atores americanos de sempre, Alumni é uma boa alternativa de entretenimento.
Inserido no contexto da nova tradição sul-coreana de treinar arduamente pequenas estrelas do K-Pop, Seung-hyun Choi, ou T.O.P. (sim, a voz grossa do Big Bang!), provavelmente já acostumado com o trabalho puxado, se adaptou bem a esse papel difícil, que demanda uma impassividade bem balanceada que não chega a causar distanciamento emocional e um bocado de habilidade para cenas de ação.
T.O.P machucou as mãos durante as filmagens, mas mesmo assim participou, na época, da turnê do Big Bang. Algo que seu protagonista de Alumni, Myung-Hoon, certamente faria. Ou seja, não haveria papel melhor no cinema para T.O.P.!
No final de semana de estreia (6 de Novembro de 2013) Alumni (1º lugar, com 126 mil espectadores) bateu a bilheteria dos filmes Thor (2º lugar com 75 mil espectadores), Laços de Sangue (3º lugar, com 34.400 espectadores) e Gravidade (4º posição, com 34.100 espectadores) na Coréia do Sul, atraindo principalmente vestibulandos que tiraram uma folga merecida dos estudos.
Mesmo com as gravações cheias de interrupções (Big Bang em turnê…), a história é redonda, as cenas de ação são bem executadas e todos os atores cumprem bem o seu papel.
O enredo se dá no contexto da espionagem norte-coreana na vizinha Coréia do Sul. O tratamento é um pouco exagerado sim (nunca vi um espião desertor. Na verdade, nunca conheci nenhum desertor norte-coreano nos meus três anos em Seul, apesar de ter muitos amigos que conheceram. Detalhe: ninguém era espião). Não é absurdo, mas claramente ficcionalizado. Serve mais para alimentar o mistério e masculinidade (no sentido heroico da palavra, ou seja, Myung-Hoon é um homem digno que não abandona sua missão) do protagonista do que para retratar alguma problemática atual na história da Coréia contemporânea. Não é essa a proposta. Mas, claro, não podemos ignorar a situação na península: é uma maneira de fazê-lo sim. Complicado, né?
K-Action 2014. Alumni (Commitment)
Um elemento especial chama a atenção e merece rubrica. É o sentido da palavra ‘oppa’, intraduzível, que exprime bem o sentimento da hierarquia e afeição dos coreanos.
Abaixo, um supletivo básico de verbetes para se relacionar com algum coreano. Lembrando que na Coréia, a palavra “amigo(a)” é usada apenas para duas pessoas da mesma idade, mas o sentimento fraternal de amizade é o que conta quando se utiliza qualquer uma das palavras abaixo. PS: Não tente chamar pessoas que mal conhece usando esse vocabulário. Ele só vale quando algum nível de relação minimamente próxima já está estabelecido.
Parece complexo, mas uma vez que um relacionamento se inicia dessa maneira, fica tudo mais simples. Isso não é antigo. Ainda existe. Reina. Pode-se dizer que é um elemento que une a população que habita as duas Coreias. Quem assistiu “A Irmandade da Guerra” (recomendo!) vai entender isso um pouco melhor. E para compreender um pouquinho dos coreanos, essa é a base de tudo.
E Alumni se desenvolve com essa premissa. A Hye-In que Myung-Hoon conhece no Sul tem o mesmo nome que sua irmã Hye-In do Norte. E quando um coreano escuta em over Myung-Hoon lembrar a voz da irmã chamando-o por “oppa”, dá aquele aperto no coração…
1992 – “Estória de Casamento” (Marriage Story) foi o primeiro filme que não recebeu financiamento governamental. Financiado pela Samsung, foi o quarto filme mais assistido nos cinemas entre 1990 e 1995.
1999 – “Shiri” foi o primeiro filme coreano na história a vender mais de 2 milhões de ingressos. Ultrapassou “Titanic”, “The Matrix” e “Star Wars” nas bilheterias de cinema. Isso incentivou que outros filmes com orçamentos altos apostassem em temáticas coreanas. A partir de então, o cinema nacional passou a ocupar mais de 50% do mercado local e nunca mais andou para trás.
2000 – “JSA” (Joint Security Area) ultrapassou a bilheteria de Shiri.
2001 – “Amigo” (Friend) ultrapassou a bilheteria de JSA.
2001 – A comédia romântica “A Minha Namorada é Louca” (My Sassy Girl) ultrapassou “O Senhor Dos Anéis” e “Harry Potter” (foi exibido nas salas de cinema simultaneamente). Foi o filme mais popular e mais exportado em toda a história do cinema coreano.
2003 e 2004 – “684-Unidade de Combate” (Silmido, 2003), filme baseado em uma história real de uma missão secreta em 1970, e “A Irmandade da Guerra” (Taegukgi, 2004), uma história de dois irmãos na Guerra Civil Coreana, ultrapassaram 10 milhões de espectadores individualmente, o que corresponde a um quarto de toda a população sul coreana.
Em 2001 a Miramax comprou os direitos de americanizar os remakes de “Minha Mulher é uma Gangster”. Outros filmes cujos direitos foram vendidos para o remake norte-americano são: “Il Mare” (“The Lake House”), “Oldboy”, “My Sassy Girl”, “Joint Security Area” e “Um Conto de Duas Irmãs” (“A Tale Of Two Sisters”). Este último foi vendido por 2 milhões de dólares, ultrapassando a marca de 1.75 milhões de “Infernal Affairs” (“Os Infiltrados”, de Martin Scorcese, baseado no filme de Hong Kong de Andrew Lau e Alan Mak).