Arquitetura 101


 

De verdade, quem nessa vida pode dizer com convicção que superou 100% o primeiro amor?

Talvez, no dia seguinte ao término, é possível que saia uma pérola dessas, provavelmente com a intenção clara e confusa de atingir o outro – certamente, o culpado da dor da perda.

Mas após 10 anos, quando sua vida amorosa e profissional toma um rumo diferente daquele que você havia idealizado, ou você se vê à frente de decisões importantes (como casar com uma moça que não parece tão perfeita quanto aquela primeira, idealizada…), a história é um pouco diferente.

Será?!

“Arquitetura 101” fala disso. De todas aquelas projeções de amor perfeito que jogamos naquele(a) primeiro(a) infeliz que cruza o nosso caminho sentimental. No filme, isso acontece para Seung-Min e Seo-Yeon no primeiro ano da faculdade, na aula de introdução à arquitetura.

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Também acontece a incrível coincidência de essas almas gêmeas morarem no mesmo bairro. Assim, Seung-Min, que já acha Seo-Yeon linda (na juventude interpretada pela estrela do K-Pop Suzy, que realmente é uma fofa e está ótima no papel), pode apreciar diariamente, de longe, a garota no ônibus.

O roteiro, que demorou 10 anos para ser desenvolvido, é quase impecável. A atmosfera dos anos 90, os atores, o figurino, as músicas da época, e os dispositivos eletrônicos como bipes e diskmans, tudo está perfeitamente orquestrado para situar e emocionar o espectador coreano de 30 anos nos anos 90. E, quando o filme volta para o presente, apresenta bem questionamentos da fase dos 30 anos difíceis de enfrentar quando nos deparamos com um amor do passado:

Será que o outro sabia como eu me sentia na época? Como me fez sofrer? Como foi importante para mim? Será que foi real? Que aquele passado foi fruto de um entendimento real entre duas almas ou apenas um sentimento inevitável decorrente da inauguração do sentimento amoroso?

E, principalmente, a questão que não quer calar:

Acabou?

Interessantemente, o público masculino foi o maior espectador de “Arquitetura 101”, o que é um caminho fora da linha na bilheteria de melodramas. Segundo críticos, o filme dialoga com a nostalgia que os homens sentem pelos seus primeiros amores… O que comprova que os homens – pelo menos os coreanos – sentem sim.

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Mas não é que “Arquitetura 101” caia no pecado de ser falsamente romantizado. Os personagens vão até o fim para esconder do ser amado o sentimento mais óbvio da história: que um gosta muito do outro. O pior é que há uma volta, após os 30, dessa expectativa da retribuição ilimitada do sentimento que é escondido a duras penas do ser do qual se espera ou tudo ou nada.

Produtos derivados do filme, como álbuns antigos dos cantores que fizeram a trilha (populares nos anos 90), novos bares para a faixa etária dos 30 aos 40 anos (uma raridade em Seul, http://koreajoongangdaily.joins.com/news/article/article.aspx?aid=2952259), roupas da época e a casa construída na narrativa (hoje um café pertencente à produtora – http://www.koreanfilm.or.kr/jsp/news/news.jsp?mode=VIEW&seq=2347), seguiram o sucesso comercial da obra, que ultrapassou o faturamento de 26 milhões de dólares na Coréia do Sul e repetiu esse número no mercado internacional.

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