Sem Respirar


 

Se você gosta de K-Pop, deve conhecer Yu-ri Kwon, da banda SNSD. Também deve conhecer In-Guk Seo, vencedor do Programa televisivo “Super Star K” e, é claro, sem dúvida, sabe quem é Jong-suk Lee, estrela de séries televisivas “Escola 2013”, “Ouço Sua Voz” e “Doutor Estranho”.

Mas, se você nunca ouviu falar de nenhum deles, não se desespere. Um breve resumo:

SNSD, Soshi ou Girls Generation, é uma das girl bands sul-coreanas de maior sucesso nacional e internacional. Suas melodias ultra pop grudam na cabeça. Os melhores exemplos são Gee, I Got a Boy e The Boys.


Super Star K é o equivalente ao programa “The Voice” na Coréia do Sul e hoje é o maior programa de audições do país, de onde sempre saem grandes estrelas do K-pop.

“Escola 2013”, “Ouço Sua Voz” e “Doutor Estranho” são séries televisivas de grande sucesso nacional transmitidas nos últimos anos.

Essas informações têm relevância para entender o apelo comercial e o estilo cinematográfico de “Sem Respirar”, direcionado ao público adolescente. A trama estilo “Malhação” sul-coreana se desenvolve com uma premissa relativamente interessante: o mundo da natação competitiva.

No entanto, seu objetivo não é mostrar de fato as dificuldades desse mundo e desenhar personagens profundos. Tem um pouco disso, mas como é de se esperar, a presença de Yu-ri Kwon e seus atos musicais fogem completamente à história, e se o espectador não souber que ela é um membro da banda Girls Generation, não dá para entender porque os dois personagens concorrentes são apaixonados por ela. Por que ela canta? Sorri? É boazinha? A única menina? É meio que isso…

Não se deve esperar muito de “Sem Respirar”. Sua proposta é simples: juntar estrelas e fazer audiência. No entanto, é sempre bom lembrar que o cinema não é um clipe: o próprio público alvo percebeu que há falhas no desenvolvimento da história e na cinematografia. Apesar de vender 44.707 ingressos apenas no dia de estreia, a bilheteria total nacional foi apenas 451.669, muito menor que a esperada (esse número seria um dado relativamente bom no mercado audiovisual brasileiro para um filme independente, mas se, por exemplo, fosse um filme com a Bruna Marquezine, Bernardo Mesquita e Lucas Cotrin sobre a vida de César Cielo, também seria considerado um resultado decepcionante).

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Mesmo assim, “Sem Respirar” tem momentos dramáticos fortes. Um exemplo é o conflito de Won-Il: seguir a carreira de nadador competitivo e usar a técnica de apneia, quando, ao mesmo tempo, carrega em si o trauma de testemunhar a morte do pai em plena competição decorrente dessa mesma técnica. Outro é a história paralela de Jung-Dong (Min-Cheol Shin), que após anos de treinamento, desiste da carreira de nadador devido a fraturas e às pressões da situação econômica familiar.

Enfim, vê-se o esforço em mostrar as crises da adolescência e as dificuldades que surgem quando há um sonho a perseguir, mas o filme falha em dar conta de todos esses conflitos e situá-los em uma boa amarração. Há falhas na continuidade emotiva da direção na atuação dos atores, revelando excessos e desgastes. Claramente, não é culpa dos atores: o diretor simplesmente não deu conta de agradar às agências, produtores e fazer uma boa história. O filme tenta corrigir essas falhas no crescendo emotivo com efeitos sonoros, que cansam o espectador mais velho.

Críticas expostas, é fato que fãs de qualquer um desses três personagens principais, conhecendo o que eles significam no mundo K-Pop, assistirão a “Sem Respirar”. E vão gostar.